Continuando o clima de saudosismo do post anterior, e fazendo um "link" com o post da foto do Hubble, lembro-me de uma coisa que meu pai me falou quando eu era ainda uma pequena raposinha de 6 anos de idade.

Eu sempre fui fascinada pelo Universo e tudo que lhe diz respeito. Acompanho de perto as informações de novas teorias sobre seus mistérios que aparecem na mídia. Não, eu não sou física, tampouco astrônoma, embora tenha sonhado muito com isso ao longo da vida. O que me desmotivou foi a falta de jeito que tenho com a matemática.

Enfim... meu pai também sempre foi fascinado por esses assuntos. E como eu, ele também procura se manter atualizado. Pois bem, um dia estávamos conversando sobre isso. Eu com meus meros 6 aninhos de idade, já demonstrava meu interesse, e como toda garotinha, adorava ouvir meu pai contando histórias. Naquele dia, ele me brindou com uma teoria intrigante: segundo ele, nós seres humanos somos como micróbios dentro de um organismo gigante, cujas dimensões e formas não podemos nem imaginar. Ou seja, todo o nosso Universo talvez não seja mais do que uma célula dentro desse macroorganismo. Anos mais tarde, encontrei outras pessoas que têm esse mesmo pensamento, e achei bacana.

Pensando bem, essa teoria tem uma boa possibilidade de ser verdade, uma vez que sabemos que dentro do nosso organismo existem seres microscópicos. Gosto de pensar que estamos dentro de um elétron, girando ao redor do núcleo (o Sol) de um átomo (o Sistema Solar). Temos que admitir que o modelo é muito parecido.

Quando penso em tudo isso, fico imaginando quanta vida existe dentro de mim, e quanta vida existe em todo o Universo ao nosso redor. E em incontáveis mundos e criaturas que eu destruo diáriamente, quando ando, me sento ou apenas coço o meu braço. E quantos devem nascer e desaparecer enquanto eu apenas pisco meus olhos.

Naquela época, meu pai também usou um exemplo bem simples: ele acendeu um palito de fósforo e me disse: "imagina quantos mundos eu devo estar queimando neste momento..."

Isso nunca mais saiu da minha cabeça... simplesmente intrigante.


Esses dias fiquei muito sensível.

Me bateu uma saudade enorme dos meus tempos de infância e adolescência, dos meus amigos de escola, enfim... daquela época da vida em que a gente é feliz e não sabe (frase mais clichê!), que não tem preocupação com absolutamente nada além de estudar e ser socialmente aceito.

É, eu sei que na adolescência principalmente, os problemas da gente ganham dimensões muito maiores do que realmente têm, mas infelizmente a gente só descobre isso mais tarde, quando já passou por tantas coisas na vida que acaba entendendo que é muito mais forte do que realmente imaginava.

Nessa fase da vida a gente pensa que tudo é decisivo, preto no branco, que se não conseguir o que quer ali, naquele momento, depois não vai ter mais a oportunidade de conquistar. A gente pensa que nunca mais vai se apaixonar por outro garoto além daquele que a gente só vê na hora do recreio da escola ou na saída, ou na aula de educação física. Fica suspirando pelos cantos e se um dia o menino nota que a gente existe e vem e fala qualquer bobagem, pra gente é a coisa mais importante do mundo... digna de páginas e mais páginas escritas na boa e velha agenda.

Bom, na minha época era assim... me parece que hoje em dia as coisas são um pouco diferentes. As meninas são mais... digamos... corajosas e costumam tomar a iniciativa quando gostam de algum garoto. Talvez seja melhor pra elas, mas sinceramente, eu gostava muito daquela sensação de coisa inalcançável, num pedestal, do coração disparando quando o objeto de desejo passava na nossa frente, das páginas escritas na agenda... enfim...

Bom, tomada por esse sentimento de nostalgia, resolvi procurar pelos meus velhos amigos de infância. Então entrei naquela boa e velha ferramenta de relacionamento chamada Or*kut (o asterisco é porque o computador em que estou escrevendo faz parte de uma rede que bloqueia esse site). Foi um verdadeiro brinde ao meu saudosismo. Entrei em contato com pessoas que fizeram parte da minha infância e adolescência e com quem, por diversos motivos, eu havia perdido contato.

Fiquei muito feliz em saber que muitas delas já têm suas próprias famílias. Pessoas que eu conheci com 7, 8 anos de idade, e que já têm seus maridos/esposas, filhos, empregos... às vezes a gente esquece um pouco que o tempo está passando pra gente e pra todo mundo. Acha que o tempo parou e que a gente pode retomar os relacionamentos de onde parou. Até pode, mas a vida, sua e daquelas pessoas, já mudou completamente. E aí você se dá conta de que, se não cuidar das amizades, a vida acaba e elas não voltam mais.

Não encontrei todo mundo que eu procurei, mas encontrei pessoas que foram muito importantes na minha vida, amigas de infância e com quem quero muito manter contato daqui pra frente, até mesmo para relembrar momentos vividos junto com elas. Histórias que me ajudam a perceber quem eu sou. De verdade.

Os cientistas resolveram apontar o telescópio Hubble para um ponto a esmo do espaço profundo e tiraram uma foto, que ficou assim:



Só que cada um desses pontinhos que a gente vê na foto não são estrelas... são GALÁXIAS! Cada uma contendo milhões (ou talvez bilhões) de estrelas.
E a gente ainda tem a petulância de achar que é o supra-sumo da criação, rodando imponentemente no centro do Universo.
Não passamos de poeirinha vagando num ponto azul infinitesimal do Universo conhecido.
Acho bom jogarmos a arrogância para o lado e perceber que fazemos parte de algo muito maior, muito mais complexo do que nossos pobres egos inflados.
A vida pulsa por todos os lados ao nosso redor. Basta olharmos para o céu com mais humildade.


Ok! Depois de várias tentativas infrutíferas de voltar a escrever, aqui estou eu... novamente disposta a recomeçar... mas desta vez não vou apenas tentar. Me disponho a dar uma faxina geral neste canto e deixá-lo em dia.

Afinal, ele conta um pouco da minha história, do que eu sinto e do que eu sou, e não pode simplesmente ser abandonado. É uma relação profunda demais para ser deixada de lado.

Pois bem, vou começar falando um pouco de fatalismo. Fatalmente, diante de tudo o que eu tenho visto e ouvido por aí, tenho pensado que a nossa humanidade não tem jeito mesmo. Que o certo seria dar um fim na gente e, se for o caso, começar tudo de novo... do zero. Daí começo a refletir profundamente sobre isso... e me lembro que, desde tempos imemoriais, a humanidade tem agido de forma bárbara, exatamente como hoje. Então me dou conta que somos e sempre fomos desse jeito, bárbaros, violentos, amorais... não importa o nível tecnológico que possamos alcançar, somos o que somos. Não é o nível de tecnologia que dita o grau de avanço moral de uma civilização. Podemos ter o controle de todo e qualquer tipo de máquinas, podemos melhorar a forma de fazer as coisas, podemos aprender a poupar trabalho e recursos, mas a humanidade continua mantendo o mesmo nível de barbaridade de nossos ancestrais mais remotos. E cheguei à conclusão de que é justamente isso que faz de nós a "humanidade" que habita esse pontinho azul vagando no infinito. Esse barbarismo é a nossa identidade.

Veja bem, não estou dizendo que esse comportamento é certo... nem que é errado também. Estou afirmando que é o que faz de nós o que somos. Se queremos ser assim, são outros quinhentos...

Então, parei de julgar... e entendi o comportamento do Buda, de amar a humanidade da forma como ela é, sem que com isso tenha que concordar que ela seja assim... tanto é que ele buscou uma maneira de transformá-la em algo melhor. Tentou fazê-la entender que, se buscasse um caminho de evolução, principalmente moral, poderia ser feliz e se livrar do sofrimento que a conduta atual lhe causa.

Assim, compreendi o que é o amor. Amor não é querer que uma pessoa seja perfeita para você. É gostar dela pelo que ela é e ainda assim querer que ela seja melhor, por ela mesma, para que ela se sinta feliz consigo mesma, e extirpe o sofrimento que ser o que ela é hoje pode lhe causar.

É, tudo bem... é um lance meio confuso... vou queimar um pouco mais de massa cinzenta...