Com um pouco de observação, cheguei à conclusão de que crescer é uma involução.

Veja bem, crianças são espontâneas, inteligentes, sagazes, determinadas... são verdadeiras e não traem sua essência. Nascemos dotados de uma gama de sabedoria que nos vai sendo tirada aos poucos, durante aquilo que chamamos de "crescimento".

Durante a nossa jornada, vamos aprendendo que nem sempre devemos dizer o que estamos pensando. Aprendemos a camuflar nossos sentimentos. Nos ensinam que o "correto" e o "bom" é sermos dissimulados, mentirosos e falsos. Tudo isso em nome das nossas "relações sociais". Assim, vamos aprendendo a mentir para os outros e para nós mesmos, até o ponto em que não sabemos mais se sentimos ou não, se gostamos ou não, se toleramos ou não... e aí nos perdemos... para sempre!

Ficamos completamente confusos diante das situações que a vida nos impõe. Não sabemos de que maneira devemos agir, como devemos resolver, de que maneira iremos "sair bem na foto". Na verdade, a solução para os nossos problemas é simples. Basta que sejamos verdadeiros... com os outros e conosco mesmos. Basta que não tentemos dissimular nossos sentimentos. Basta que nos deixemos agir como as crianças que um dia fomos. O segredo é esquecer tudo o que um dia os adultos nos ensinaram... a grande maioria do que aprendemos não passa de bobagem. Basta deixar que as crianças se tornem nossos professores. E que o amor volte a encher nossos corações...


Tudo bem, eu concordo que andar de coletivo é um transtorno. Demora demais, está sempre lotado, tem sempre aquele cara com cecê de estivador ralando o suvaco na sua cara... mas hoje eu estava pensando nas vantagens de utilizar esse tipo de transporte.

Ei, calma, eu quero ter meu próprio carro sim! Não estou surtando ainda não... rss!

É que fiquei pensando o quanto minha vida vai ser um pouco mais solitária quando eu deixar de utilizar o coletivo no percurso casa-trabalho / trabalho-casa.

Quando eu era mais nova, era extremamente tímida. Entrava no ônibus com meu walkman no ouvido, sentava-me no fundo e ficava rezando pra ninguém querer sentar do meu lado. Coisa de adolescente. Com o passar do tempo, a vida foi me ensinando a ser um pouco mais simpática e aprendi a conversar mais com as pessoas. Fiquei um pouco mais "cara de pau".

Acaba que, quando vc pega o mesmo ônibus todos os dias, vai fazendo amizade com as pessoas que compartilham do transporte. Como meu percurso é longo, dá tempo de conhecer bastante da pessoa que senta ao meu lado. E assim a gente acaba criando um laço de amizade.

Hoje eu fiquei olhando da janela do ônibus pros carros que passavam. Geralmente era só o motorista lá dentro, solitário, envolvido nos próprios pensamentos, ruminando os próprios problemas... quando vc compartilha uma conversa com outras pessoas, vc de uma certa maneira esquece das suas mazelas, ou fica animado ao imaginar que outros também enfrentam ou já enfrentaram algo que vc tenha vivido. Essa troca de experiências é riquíssima, e enterrados nos nossos afazeres do dia-a-dia como estamos, muitas vezes passamos batidos por essas oportunidades.

Acho que mesmo depois que eu comprar um carro, vou continuar andando de coletivo...

*Créditos da foto: DFTV/Globo




Peço licença ao Alceu Valença para uma pequena homenagem a uma linda pequena raposa...

LA BELLE DE JOUR (Alceu Valença)

Eu lembro da moça bonita

Da praia de Boa Viagem

A moça no meio da tarde

De um domingo azul

Azul, era Belle de Jour

Era a bela da tarde

Seus olhos azuis como a tarde

Na tarde de um domingo azul

Belle de Jour


La Belle de Jour

Era a moça mais linda de toda a cidade

E foi justamente pra ela

Que eu escrevi meu primeiro blues

Mas Belle de Jour, no azul viajava

Seus olhos azuis como a tarde

Na tarde de um domingo azul

Belle de Jour


Tenho tanta coisa rondando a minha cabeça.
Tem horas que penso que vou surtar, dar um curto-circuito. Acho que minha mente ainda está muito cansada.
Em alguns momentos, minha única vontade é desaparecer, sumir, me esconder e não ver mais ninguém... ah, se eu tivesse um refúgio, um cantinho onde ninguém pudesse me encontrar. Esse certamente é o melhor momento para não ter um celular. Pelo menos por alguns instantes, a gente pode ficar incomunicável. Pena que esses momentos durem tão pouco.
É difícil ter tanta responsabilidade. Na maior parte do tempo, não se tem ninguém com quem contar. Em muitos momentos eu passo por isso. Ainda existem coisas em minha mente que não posso [ou não quero] dividir com ninguém. São coisas só minhas. Acho que todo mundo tem disso... algumas das minhas preocupações, não posso dividir com ninguém... e puxa, como elas me corróem.
Por mais que eu tente não pensar nelas, vira e mexe elas aparecem na minha mente...
Isso me lembra Fagner:

"... Quando a gente tenta
De toda maneira
Dele se guardar
Sentimento ilhado
Morto, amordaçado
Volta a incomodar..."

Durante muito tempo, eu pensei que estava só...
Muitas vezes, nos meus piores momentos, eu olhava para os lados, procurava por ajuda... mas sempre me via só. Não tinha a quem ou ao quê me agarrar. Enfrentava as tempestades como podia. Terminava cheia de feridas, mas conseguia me salvar.

Hoje, sei que não estou só.
Hoje, sei que se olhar para os lados no meio de uma tempestade, vou encontrar uma mão em que posso me agarrar. Já não vou mais sair das batalhas tão ferida.

Ainda estou me adaptando a essa realidade.
Ainda sinto dificuldade em pedir ajuda. Afinal, passei minha vida inteira acreditando que estou sozinha, que nunca teria onde me agarrar.
Mas estou me esforçando.

E só o fato de saber que esse apoio existe, já me deixa muito mais tranquila...

É, eu sei... demorei.
As coisas não foram fáceis nos últimos tempos.
Passei por momentos muito difíceis, complicados, tenebrosos.
Andei por caminhos tortuosos, lugares ermos, escuros e assustadores.
Mas felizmente nos momentos mais difíceis, havia uma mão que me ajudava a seguir em frente.
Muita coisa boa aconteceu, incluindo aí o nascimento da minha caçulinha.
Me reaproximei de uma pessoa extremamente importante em minha vida, que é meu pai. Me entendi de novo com a minha mãe. Conquistei novamente um emprego estável...
Enfim, parece que as coisas estão retornando pros eixos.
Posso começar a reconstruir meus castelos em terreno firme... e é o que comecei a fazer.
Estou aos poucos reconquistando minha auto-estima e minha tranquilidade.
Espero também poder reconquistar os amigos... e que eles voltem a frequentar essa toca que esteve por tanto tempo abandonada...

Como estou me sentindo hoje?

Me sinto como um peixe... a 20 cms do mar, mas que não tem mais forças pra chegar até lá...
O sol queimando minhas escamas,
A areia me ressecando...
Sinto a vida a esvair-se do meu corpo
Sufoco... aos poucos...

Aí vem a onda do mar,
Me pega em seus braços,
Me refresca, me hidrata...
Me faz sentir alegria, esperança de poder novamente alcançar o mar,
De ser livre, viva de novo.
A onda me joga para lá e para cá,
Brinca comigo, me faz sonhar...

Mas logo ela vai embora de novo,
E me deixa a escaldar sob o sol,
Sobre a areia quente, que penetra em minhas guelras
E me sufoca...

Sinto toda aquela angústia de novo...
E novamente vem a onda,
Com suas promessas de vida,
Mas que logo me abandona,
Me deixa à beira da morte...

Esse ciclo se repete, infinitamente...
Não sei se sinto amor ou ódio pela onda.
Amor por me dar de novo um pouquinho de vida,
Quando a minha já se esvai...
Ódio por me manter sua escrava,
Até que meu corpo já não aguente mais...

Grávida
Guilherme Arantes
Composição: Guilherme Arantes


Eu me estilhaço todo em pedaços
Quando ela faz aquele ar
De quem só teve desamor
Um nó no peito a desatar

Eu vou a jato ao topo do mundo
É quando ela traz o sol em seu olhar
Preciso tanto seu calor
E em torno dela gravitar

E tudo gira em torno dela grávida
Vida, grande dádiva, nenhuma dúvida
Gira em torno dela grávida
Vida, grande dádiva
Uma eterna órbita,
Em torno dela, grávida.


Você já teve o privilégio de estar bem no meio de uma revoada de borboletas?
Pois é, eu já tive... foi uma das coisas mais belas que já presenciei em toda a minha vida.

É engraçado como esse tipo de coisa sempre acontece comigo quando estou pra baixo, excessivamente preocupada com alguma coisa, estressada... parece que a natureza quer me dizer "ei, calma, as coisas vão ficar bem. Tome isso aqui e relaxe um pouco. Viva as coisas boas. Pare e olhe pra mim. Eu tenho muitas outras faces que vc precisa conhecer".

Ontem eu estava vindo para o trabalho, preocupada com um monte de coisas, pensativa e meio desanimada. Quando olhei para o céu, vi um lindo tucano voando. Livre, tranquilo, com aquele imenso bico alaranjado meio que tentando me dizer: "não ponha tanto peso em seus ombros. Tudo se resolve. Apenas respire fundo e curta a vida". Fiquei apreciando seu vôo até que ele pousou numa árvore. Ao voltar os olhos para o outro lado, eis que surge outro tucano, igualzinho ao primeiro e fazendo a mesma trajetória. Fiquei ali encantada, me deleitando com aquela cena, sentindo como se um grande mar de tranquilidade invadisse meu corpo.

Realmente, a partir daquele momento, meu dia foi bem melhor. Os problemas mais urgentes se resolveram e pude pensar melhor nos de longo prazo.

Disso pude tirar uma boa lição: a vida está do nosso lado, conspirando a nosso favor, mas muitas vezes estamos tão absortos em nossos problemas que nos esquecemos de olhar pra ela.

Tudo bem, eu sei que estou demorando pra atualizar o blog... me desculpem. É que às vezes as atribuições do dia-a-dia acabam tomando conta de todo o nosso tempo. Sem contar o fato de estar completamente "atolada" no assunto Amanda. Tinha me esquecido o quanto esse negócio de comprar coisas de bebê toma o tempo da gente. Pesquisa daqui, olha de lá, escolhe acolá, olha, olha, olha...

Mas, quer saber? Isso tudo é uma delícia! Eu não me lembrava mais desse gostinho de novidade, de expectativa... A Amandinha veio renovar o espírito desta velha raposa cansada de luta. Veio trazer um frescor, renovar os ares e me fazer lançar novos objetivos, enxergar a vida de outro ângulo. Como minha primogênita, esta pequena Raposinha também veio na hora certa.

Me é gratificante também a aproximação e cumplicidade ainda maiores que Amandinha veio trazer entre o Sr. Raposo e eu. Acho que pra ele toda essa renovação também se faz sentir. Vejo-o muito mais disposto agora. E fico feliz de vê-lo assim. Ter o pai da minha filha ao meu lado neste momento é pra mim uma vitória. Nunca havia experimentado essa sensação de amparo, de segurança e de amor. É "quase" como eu sonhava. Quase porque infelizmente ainda não estamos casados. Mas isso é questão de tempo.


Pra compensar minha ausência nos últimos dias, este post vai ser maior que o usual.

Na última quinta-feira foi meu aniversário. O presente que eu "me dei" foi ir ver minha pequena BabyFox num exame de ecografia. Sim, é uma menininha. Já escolhemos até o nome: Amanda [até segunda ordem, porque Raposas são criaturas muito indecisas - pelo menos as da minha família]. Mamãe aqui está muito feliz de saber que sua cria está bem e saudável aqui dentro. Como toda mamãe, vou ter que controlar a ansiedade por mais 4 meses e meio para ver minha BabyFox.

Estou muito feliz também pelo apoio que estou recebendo do Sr. Raposo e da família dele. Estão sendo muito amáveis comigo. Infelizmente não posso dizer o mesmo da minha própria família... ser rejeitada neste momento importante dói, mas não esmaece minha felicidade. Mesmo que o mundo inteiro se virasse contra mim, ainda assim eu seria a criatura mais feliz que nele habita.

Agora, quero prestar uma homenagem à minha pequena Raposinha, por tudo que ela tem representado pra mim neste momento tão importante:

Sweet Child O' Mine
Guns N' Roses

She's got a smile that it seems to me
Reminds me of childhood memories
Where everything
Was as fresh as the bright blue sky

Now and then when I see her face
She takes me away to that special place
And if I stared too long
I'd probably break down and cry

Sweet child of mine
Sweet love of mine

She's got eyes of the bluest skies
And if they thought of rain
I hate to look into those eyes
And see a nounce of pain

Her hair reminds me of a warm safe place
Where as a child I'd hide
And pray for the thunder
And the rain
To quietly pass me by

Sweet child of mine
Sweet love of mine



A pequena Raposinha está radiante! Vai começar a fazer balé no mês que vem. Ah... como é bom o entusiasmo e o frescor da infância. Tudo é novidade e tudo nos surpreende. Passado algum tempo, as coisas começam a se tornar previsíveis demais.

Oras, mas quem sou eu pra falar de previsibilidade? Minha vida tem sido um redemoinho só, e só estou conseguindo fazer alguma previsão para os próximos 3 meses (no máximo)... rsss!!

Mas a verdade é que quando a gente cresce, raramente consegue encarar as coisas com a empolgação de uma criança. Pena perdermos essa e outras características tão importantes...

Por outro lado...

... como é estressante lidar com uma pessoa reclamona, pessimista, que só enxerga o lado ruim de tudo, exigente ao extremo com os outros e permissiva consigo mesma, que só consegue pensar no próprio bem-estar e só enxerga o que está a 2 palmos do próprio umbigo, e, principalmente, que acha que é a dona da verdade absoluta... eu tenho que conviver com uma pessoa assim todos os dias... Alguém aí tem um karma tão pesado quanto o meu???


Pois é, resolvi fazer desta toca um lugar menos "solitário".
Nada mais de ficar escrevendo egoísticamente sobre meus pensamentos. De vez em quando vou falar um pouco mais sobre a família de raposas que aqui vive. E pra começar, vou apresentá-los:

* A Raposa que vos fala, sempre confusa sobre o mundo que se lhe apresenta, ávida por conhecimento, entendimento, simplicidade... a que sempre espera que o ser humano seja um pouco melhor, que o mundo seja menos agressivo...

* O Sr. Raposo, meu companheiro há 2 anos e meio. Meio maluco, um tanto cabeça dura, mas de um coração moooole... é o exemplo da "pessoa errada", e justamente por isso, é a pessoa certa.

* Minha pequena Raposinha, de 4 aninhos, muitas vezes é mais madura que a mãe. Certamente com muito mais presença de espírito pra perceber aspectos sutis da vida que passam despercebidos aos olhos desta Raposa. Costumo dizer que ela sim, pertence a este mundo, pois o conhece muito melhor que eu. E me ensina muitas vezes a maneira mais interessante de encará-lo.

* A mais nova aquisição da família: BabyFox2, no 4º mês de gestação. Serzinho especial, que veio ao mundo com uma importante missão. E tenho certeza que ele(a) cumprirá com maestria.

* Vira e mexe também escreverei sobre outros personagens.

É engraçado como as coisas acontecem todas ao mesmo tempo. O chamado "efeito cascata". Na minha vida tem sido assim. Problemas se sobrepondo a problemas, novidades se sobrepondo a novidades, às vezes num ritmo tão intenso que não dá tempo nem de assimilar os acontecimentos, ou entender a extensão de suas implicações na minha vida.

Por um lado isso é bom. Por outro é ruim... como tudo na vida.


O fluxo da minha vida, desde o fim do ano passado, tem sido em ritmo de recomeço. É como seu eu tivesse acabado de nascer. Tudo é novo, a sensação é de que preciso "redescobrir" e "reaprender".
São conceitos novos, pensamentos novos, planos novos, emprego novo, etc... meu mundo está em transformação.
Isso é bom... mas assusta um bocado. A gente está acostumado ao "status quo" das coisas em nossas vidas.
Mas eu cheguei em um momento em que, ou eu mudava, ou o mundo me esmagava. Lógico que eu preferi arregaçar as mangas.
Não sou mulher de fugir da luta. Nem de perder completamente a esperança da vitória.
Por isso, pra mudança ser completa, resolvi mudar até o blog, de provedor, de layout... só não mudei a figura, porque ela cai como uma luva neste blog e não encontrei nenhuma melhor [ainda].
Bom, minha intenção é mudar também com relação à frequência de postagem, porque andei muito relapsa com minha toca.
E não pretendo mudar de amigos...